uma das benfeitorias que acabámos construindo colectivamente é uma noção de tempo instantâneo sem passado e com futuro sempre incerto ambíguo indefinido e aparentemente pouco importante... Richard Sennett está cheio de razão ... vivemos além do triunfo da insignificancia (do Kastoriadis) o triunfo da gratificação imediata e inadiável ...
mas também a uma sociedade em que nos encontramos num estado permanente de necessidade de demonstração da (nossa) utilidade potencial ...
por muito que tenha sido feito cumprido atingido realizado no passado ... o futuro não admite qualquer hipótese de estimação a partir da exepriência acumulada ... temos de nos renovar constantemente e evidenciar um continuado optimismo acéfalo e uma capacidade de absorver o quer que seja que algum guru tenha engendrado na última semana mesmo que a coisa em si exista desde a Antiguidade Clássica...
enquadraçe neste feliz e desafiante quadro cor de rosa positivo o exame que os professores farão para demonstrar que se mantêm capazes de repetir aquilo que alegadamente "terão" feito algures nalgum momento obscuro e já fenecido ... (como se os maus professores não tivessem possibilidade de passar neste exame e de continuar a exercer a sua má vocação...)
com frequência todos (claro que nunca serão todos ... os "avaliadores" estão naturalmente isentos...) são reavaliados não vá algum fenómeno estranho dar-se e as competências recertificadas até à násusea terem sido dissolvidas por algum químico desconhecido na tabela periódica...
esta curiosa actividade deu origem a uma industria de medidores que medem qualquer coisa que seja articulável em duas frases ... mesmo que a coisa medida seja absurda... e a escala utilizada seja idiota ... e o fenómeno a mensurar seja incomensurável ...
mas muita gente adere (por omissão por convicção por preguiça por ausência de cérebro) a este "movimento" que glorifica a ilusão de controlo que todos parecem preferir à trabalheira de usar o cérebro e os tomates para tomar decisões dificeis ...
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